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18-10-2005

“Átomos pela Paz”, Nobel 2005


Univer(sal)idades

1. Desde 1901 que é atribuído o Nobel. Todos os anos no dia 10 de Dezembro, data da morte do inventor e magnata industrial Alfred Nobel, que os reconhecimentos meritórios são atribuídos. Estes galardões correspondem ao seu testamento na perspectiva de promover a investigação destacando o contributo humanitário das descobertas. Sendo os outros prémios de máxima importância (Química, Física, Medicina, Literatura) o Nobel da Paz é, no entanto, especial, até na sua entrega: enquanto que os outros são atribuídos em Estocolmo o da Paz é entregue, como manda a tradição, na capital norueguesa, em Oslo.

Neste ano 2005, em ambiente receoso de proliferação de armamentos nucleares (iranianos), em pleno Ano Internacional da Física e nos 60 anos depois da bomba atómica de Hiroxima, a atribuição é cheia de intencionalidade. O reconhecimento de mérito à Agência Internacional de Energia Atómica e ao seu Director-geral (o egípcio) Mohammed ElBaradei, significa o reforço de uma causa fundamental dos nossos dias, ou não fosse a segurança mundial o primeiro passo para todo e qualquer desenvolvimento humano e estabilidade entre as nações.

O caminho deste advogado ElBaradei (nascido no Egipto em 1942) é por si sinal de um tempo de globalização e de conflitos recentes, onde a postura norte-americana da invasão do Iraque (ElBaradei queria mais tempo no Iraque para confirmar a não existência de armas de destruição maciça?mas não lhe foi dado por Bush) ou as questões da insegurança internacional estão na ordem do dia. Nas suas primeiras palavras, no dia do anúncio pelo Comité norueguês, ElBaradei com toda a ‘energia’ diz: “o prémio envia uma mensagem muito forte: continua a fazer o que tens a fazer!” E isto apesar dos desentendimentos com Washington, que ele desvaloriza, dizendo: “O Nobel é o reconhecimento de que a proliferação de armas nucleares é, actualmente, a maior ameaça à segurança mundial”, afastando cenários de terrorismo nuclear.

2. Contudo, importa sublinhar bem para além dos receios de proliferação (do Irão ou da Coreia do Norte - que não comentaram sequer o Nobel). A AIEA - Agência Internacional de Energia Atómica, um departamento da ONU com sede em Viena, pretende, pela positiva, criar uma consciência de boa utilização de tudo o que se investiga, da própria energia nuclear com fins pacíficos.

Esta eleição de entre os 199 candidatos faz-nos remontar às origens da Agência Internacional. Em 1953, prevendo a corrida crescente mundial às armas nucleares, e com Hiroxima e Nagasáqui bem vivas na memória mais horrenda da história, o então presidente dos EUA, Eisenhower, fez forte discurso nas Nações Unidas intitulado “Átomos pela Paz”. Pretendia nas suas palavras a criação de uma organização que procurasse o desenvolvimento da energia nuclear para fins pacíficos, ao que quatro anos depois (em 1957) seria então criada a premiada Agência Internacional.

Porquê o reconhecimento de mérito? Um dos objectivos fundamentais da Agência é promover o uso pacífico da energia nuclear e procurar garantir que esta não é usada para fins militares, nomeadamente pelo cumprimento do Tratado de Não Proliferação. Premiado o trabalho da Agência, valerá a pena apercebermo-nos que é também premiada a ONU no seu multilateralismo zelador de estabilidade mundial, verificada em diversas lideranças: na eliminação completa do programa nuclear do Iraque entre 1991 e 1997; ao ser a primeira instância a detectar, em 1992, o programa militar da Coreia do Norte; ao contribuir decisivamente para que a Líbia renunciasse ao seu arsenal de destruição maciça em Fevereiro de 2003. Distinguimos estas referências pelo seu significado no ‘desmontar’ de armamentos, ao que acrescentamos também um acompanhamento permanente da AIEA em situações como o “caso Chernobyl” e o desmantelamento do arsenal nuclear da antiga União Soviética.

3. Estamos diante de um forte sinal político e científico. Político na “união (ONU) que faz a força” de estabilidade mundial; científico, na perspectiva de um desenvolvimento científico, nuclear, que terá de proporcionar caminhos de desenvolvimento humano e de paz entre os povos.

Se é certo que nesta era da ciência global são imensos os desafios, até porque não há laboratórios que produzam a PAZ, esta atribuição reforça a perspectiva da Agência como um Observatório Mundial sobre estas questões de sobrevivência (na essencial luta contra a proliferação), para uma maior segurança de todos e numa perspectiva de promoção científica (atómica) com ética. Claro, sempre e acima de tudo, quem dera que os “átomos da paz” habitem todos os corações humanos! Como estamos e continuaremos longe! Mas o caminho é por aqui?

Alexandre Cruz*
*Centro Universitário de Fé e Cultura de Aveiro


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